8.8.07

Cortam-me as asas
Corto minhas asas
Pois anjo não sou
Nunca fui
Nunca me deixaram ser
Quando tentei voar
Me seguraram
Me mostraram a bicicleta
Depois a moto
Depois o carro
Depois o trem
Quando minhas asas voltaram
Mostraram-me o avião
E cortaram minhas asas

E não foi por falta de anjos caídos
Da literatura alada
Que eu não consegui voar
Leio e minhas asas crescem
Vivo e minhas asas crescem
Convivo
E me cortam as asas

O que me resta é me tornar um deles
Um dos anjos que por desobedecerem as regras
Tiveram que se contentar com a pena
Depois a caneta
Depois a máquina de escrever
E agora ao teclado de um computador
E a um fio que espalha poesia

Pena que cortaram
Cortaram as asas de quem
Por mais bom que seja
Não consegue ler

3 comentários:

Nadezhda disse...

Se lhe cortaram as asas, por que não usar as pernas?

(Minha concordância verbal é uma desgraça)

;)

Unknown disse...

éé, eu queria tirar a palavra "conformar" do meu vocabulário,
mas sem querer é muitas vezes necessario usar.

Diogo/Fou disse...

é por essas e outras que as pessoas mais interessantes que eu conheço fazem vôos solo. não se corre o risco de ninguém cortar as asinhas no meio =P

cada vez melhor walb, abração!