Cortam-me as asas
Corto minhas asas
Pois anjo não sou
Nunca fui
Nunca me deixaram ser
Quando tentei voar
Me seguraram
Me mostraram a bicicleta
Depois a moto
Depois o carro
Depois o trem
Quando minhas asas voltaram
Mostraram-me o avião
E cortaram minhas asas
E não foi por falta de anjos caídos
Da literatura alada
Que eu não consegui voar
Leio e minhas asas crescem
Vivo e minhas asas crescem
Convivo
E me cortam as asas
O que me resta é me tornar um deles
Um dos anjos que por desobedecerem as regras
Tiveram que se contentar com a pena
Depois a caneta
Depois a máquina de escrever
E agora ao teclado de um computador
E a um fio que espalha poesia
Pena que cortaram
Cortaram as asas de quem
Por mais bom que seja
Não consegue ler
3 comentários:
Se lhe cortaram as asas, por que não usar as pernas?
(Minha concordância verbal é uma desgraça)
;)
éé, eu queria tirar a palavra "conformar" do meu vocabulário,
mas sem querer é muitas vezes necessario usar.
é por essas e outras que as pessoas mais interessantes que eu conheço fazem vôos solo. não se corre o risco de ninguém cortar as asinhas no meio =P
cada vez melhor walb, abração!
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