2.9.12

Que isso fique entre nós

A encontrei na rua um dia e nada havia a fazer além de lhe dar um tchau. Dei uma saudação e fui embora para onde já estava destinado.

Quando voltava pela mesma rua, ela ainda estava lá na janela: parei e a fiquei encarando. ela fumava um cigarro e olhava pra mim como se não me visse. Enfim, o cigarro acabou e da sacada foi para a sala. Eu, na rua fiquei parado a esperar que as lembranças cessassem e que eu pudesse voltar pra casa. Como poderia algo tão breve, tão frio, tão não, podia ficar na minha memória por tanto tempo? - Um adendo que faço é que não lembro o que comi anteontem ou a história do ultimo livro que li, nem o ultimo parágrafo do livro que estou lendo, não lembro o meu telefone, não lembro como chegar aos lugares mais, porém lembro de todas as sensações, tudo o que passei.

Quando virei para ir embora, uma porta se abriu e um olá foi dito, ali do outro lado da rua ela saía pela porta do prédio e até ponta da calçada ia me olhando. Observei por muito tempo. Ela que começou:

- Vamos?
- Sim, para onde?
- São três da manhã.
- Eu, você, um lugar lotado de coisas, vazio de pessoas?
- Exato.

Assim ela voltou para casa e eu voltei a meu caminho, pois nada havia a fazer além de lhe dar tchau.

Um comentário:

Unknown disse...

Nunca havia lido algo que você escreveu.
Você devia voltar a escrever.
Gostei muito.