10.6.08

Itinerários


Eram 18:15h quando se encontraram pela primeira vez. Ela marcava consultas em um hospital particular local. Ele era caixa de um famoso supermercado. Estavam em um ônibus indo para suas respectivas casas depois de um cansativo dia de trabalho.

A noite vinha bonita: lua cheia, vento fresco, estrelas brilhantes, um carro ultrapassando o sinal vermelho e fazendo com que nossas personagens dessem de cara no banco da frente. Depois de dez minutos de palavrões, desferidos pelo motorista, o susto passou e os dois começaram a rir da situação. Logo começaram a conversar e viram que tinham muitos gostos em comum. O homem estava encantado com sua companheira de assento e decidira que a conquistaria a qualquer custo.

Então, todos os dias, ele tratava de puxar algum assunto de interesse dela e tentava impressiona-la. Decidiu então convida-la para sair. Conhecia um bar perfeito para a ocasião. Antes de sair do trabalho foi ao banheiro, escovou os dentes e usou uma enorme dose de desodorante. Era o dia perfeito, tudo estava pronto: A fala, a malícia, o cheiro. Só faltava uma coisa: Ela estar no ônibus. Nosso herói ficou deprimido na mesma hora. O que teria acontecido? Os dias foram se passando e nenhum mínimo sinal. A cada dia seu coração o apertava mais. Ele se sentia doente, com algo o pressionando. Parecia cercado por uma multidão o pressionando a fazer algo. E, assim, decidiu tirar essa história a limpo, mas não tinha como achá-la a não ser indo no hospital onde trabalhava nossa linda dama.

Ao chegar pediu informação direto na sala de marcação, afinal ninguém responsável iria ouvi-lo. Uma antiga colega dela disse que o horário da mulher havia mudado para a manhã. Informação recebida foi para casa dormir. Amanhã seria o dia: Ele sairia no meio do trabalho para se declarar a ela. Ele estava decidido.

E o dia logo chegou. Eram 11:45h. Era agora ou nunca. A fila de seu caixa possuía quinze clientes enfileirados com seus carrinhos lotados de gordura, guloseimas e papel higiênico. Era já: Largou os três quilos de carne, que passava no sensor, espirrando parte do sangue ainda contido na embalagem numa senhora que reclamava de dor nas costas e da demora do caixa. Ele iria para algum lugar. E ele foi... Ao banheiro.

Naquela noite, voltando para casa, ele estava de cabeça baixa se corroendo por dentro. Como ele poderia encontrar com ela sem perder o emprego? Resolveu descer três pontos antes e ir naquele bar já citado onde iria afogar as mágoas. Mas quando chegou ao local seus olhos brilharam: Ela estava linda, sentada no balcão, bebendo sua terceira garrafa de cerveja. Ele estava de frente para a mulher da sua vida: A outra que se arranjasse.

2 comentários:

Diogo/Fou disse...

Bah, que saudades walb!
Muito bom ^^

Anônimo disse...

Ai,tomara que a relação dos dois de certo!E que bom que ele foi atrás dela =).Pq não consigo mais entrar no Cético Uliforme =(?